“Mas quem disse que a vida não é um belo de um espetáculo? Olha só, nascemos quase sem um fio de cabelo na cabeça, pelados, sem dente e sem saber falar. Sem falar que nascemos com os olhos quase fechados. Com o decorrer do tempo, a gente abre os olhos e pode ver o brilho do sol. Magnífico não? A gente aprende a andar devagarinho. E de uma hora para a outra, a gente corre pela casa inteira só de fralda. Deixando nossos pais enlouquecidos. Depois de um tempo aprendemos a falar e aprendemos como chamar nossos pais. Papai, mamãe. Você ainda acha a vida sem graça? Quando você era bebê, você ria de tudo, eu aposto. E depois tu cresceste. Cresceste e viraste uma criança chata. Uma criança que chora quando a mãe tá longe. E quando tu viraste um adolescente então. Saía as dez horas de casa e só voltava de manhãzinha. Tua mãe ficava furiosa, mas mesmo assim ficava acordada até você chegar em casa. E quando tu viraste gente grande começou a trabalhar e a vivenciar com pessoas as quais você queria distância. Queria distância mas tinha de conviver junto. Olha só, a vida prega cada peça na gente. Quando a gente vai beijar aquela pessoa que tanto desejamos, aparece aquele amigo chato para atrapalhar o clima. Quando a gente sai correndo descalço no chão que a mãe acabou de lavar, caímos de bunda e falamos que não doeu. Quando bebemos, chegamos em casa cambaleando e ainda temos a cara de pau de dizer para nossos pais que não bebemos nada. Olha, você pode achar que a vida não tem graça. Mas na verdade, o que não tem graça, é você.”